Estudo
Avaliação, agora, aos 40 anos de idade
Nascidos em 1982 passarão pela 11ª etapa do estudo, que começará em agosto; pedido, entretanto, é para que os participantes já se comuniquem
Divulgação -
O trabalho de campo só começará em agosto, mas o garimpo para reencontrar os nascidos em 1982 já começou. É a primeira Coorte desenvolvida pelo Centro de Epidemiologia da UFPel e, embora não seja a mais antiga do Brasil, é a que possui mais tempo de acompanhamento permanente no país. Este será o 11º contato com aqueles ‘bebês’, que agora completam 40 anos de idade. Entre as novidades do levantamento de 2022 está a verificação dos níveis de insegurança alimentar nutricional, que até então não integrava o estudo.
Atividade física, alimentação, qualidade do sono e saúdes mental e bucal estarão no radar. As doenças crônicas também estão no alvo. Em 2012, quando chegaram aos 30 anos, mais da metade dos participantes apresentava excesso de peso. “Já apareciam marcadores de doenças crônicas, como pressão um pouco elevada e glicemia um pouco aumentada, mas não o diagnóstico”, ressalta a epidemiologista Janaína dos Santos Motta. Fica, portanto, a pergunta: qual terá sido o desfecho dez anos depois?
A relação de todos esses fatores com a condição socioeconômica seguirá no centro das atenções. “Também queremos entender como o dinheiro influencia na saúde”, destaca. E entre os instrumentos de apuração para essas muitas indagações, haverá questionário e realização de exames.
Ao participar, você faz um bem coletivo
Ao atender os chamados e participar das Coortes, você não terá um retorno propriamente individual, pessoal. A contribuição é coletiva. Cinco anos depois de iniciado o estudo da UFPel, em 1987, vieram os primeiros grandes resultados: bebês amamentados tinham menor risco de morte por diarreia. A conclusão virou referência internacional e embasou campanhas desencadeadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para incentivar o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade, como medida eficaz para reduzir a mortalidade.
“É uma forma de as pessoas colaborarem com a ciência, de maneira prática”, conclama a pesquisadora. A partir da realidade exposta através das Coortes, uma série de políticas pode ser implementada para reverter problemas de saúde pública. Foi o que ocorreu em Pelotas (confira os dados). E mais: ao longo dos anos ficou comprovada também a associação da amamentação com melhores resultados na escolaridade, no rendimento acadêmico diferenciado e em ganho financeiro mais elevado.
Saiba mais da Coorte 1982
> Quase 6 mil nascimentos na zona urbana de Pelotas, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro.
> Com este novo encontro, serão 11 etapas, incluídas as diferentes fases da vida. Infância: recém-nascidos, 1 ano, 2 anos e 3 anos e meio. Adolescência/juventude: 13, 15, 18, 19 e 22 anos. Fase adulta: 30 anos e 40 anos. Em alguns desses momentos, apenas uma parcela dos participantes foi procurada, como em 2000, quando os adolescentes que realizariam alistamento militar eram o alvo.
Curiosidades:
Em 1984 e 1986, a busca pelos nascidos em 1982 ocorreu no sistema porta a porta e encerrou com sucesso, ao registrar altos índices de adesão.
Não há uma data para encerrar o trabalho. É a chamada epidemiologia do ciclo vital. A intenção é de que o acompanhamento possa ocorrer do nascimento até a velhice e a morte dos participantes. “A minha ideia é estar aqui coordenando o acompanhamento dos 70, 80 anos”, descontrai Janaína Motta, uma das coordenadoras da Coorte.
Em 2012, com 30 anos de idade, 68% dos nascidos foram encontrados. A meta, agora, é manter, no mínimo, este mesmo patamar.
Participe - faça contato
Telefone fixo: (53) 3284-1300
WhatsApp: (53) 99936-2539
Redes sociais:
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Facebook - facebook.com/coorte1982
Atenção: Quem preferir, já pode receber os questionários para responder em casa e agilizar o processo. Dessa forma, no prédio do Centro de Epidemiologia – na rua Marechal Deodoro, 1.160 –, serão realizados apenas os exames. Para aumentar as chances de participação, o trabalho de campo irá permanecer, inclusive, no mês de dezembro, quando várias pessoas que não moram mais em Pelotas costumam visitar a cidade.
Saiba também!
Para poder traçar comparativos, as pesquisas têm de utilizar os mesmos instrumentos de apuração. Ao longo do tempo, entretanto, surgem novas tecnologias à disposição. Daí as equipes passam a adotar mais de um sistema de verificação: o antigo, que permita o paralelo, e o mais moderno. É o que acontece, por exemplo, na verificação da composição corporal.
Hoje existem equipamentos sofisticados como o BodPod e o DXA, que medem com precisão as proporções de músculos, ossos, gordura e água do organismo e se os níveis estão abaixo, adequados ou acima do normal para peso, estatura, faixa etária e sexo do participante. Já o Índice de Massa Corporal (IMC), utilizado há décadas, é um cálculo feito com base apenas nos dados de peso e altura, em relação ao sexo e à idade.
A primeira Coorte realizada no Brasil teve início em 1979 na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo. De lá para cá, o levantamento ficou suspenso por alguns anos. Por isso, a Coorte dos nascidos em 1982, em Pelotas, é considerada a mais completa do país.
Atualmente, um consórcio une as Coortes de Ribeiro Preto e de Pelotas com a do município de São Luís, capital do Maranhão. Ao reunir todos os dados, além de possuir informações de um número maior de pessoas, ganha-se ao ter um retrato de diferentes regiões do Brasil: Sudeste, Sul e Nordeste.
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